Bate-papo apresentou uma visão inspiradora sobre alta performance, com base na trajetória profissional do nadador
Gustavo Borges fez história nas piscinas, atingindo o auge como atleta nos anos 1990 com recordes mundiais e importantes conquistas, entre as quais as dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 (prata nos 100 m livre), Atlanta 1996 (prata nos 200m livre e bronze nos 100 m livre) e Sydney 2000 (bronze no revezamento 4×100 m livre).
Ao finalizar a carreira de atleta nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, o nadador, que tinha 31 anos à época, estava pronto para novos mergulhos. Em transição de carreira desde os 27 anos, passou a empreender: lançou sua própria academia e desenvolveu uma metodologia própria de natação – presente hoje em mais de 400 escolas de todo o país. Gustavo Borges também percebeu que muito do que viveu como atleta podia contribuir com a performance de pessoas das mais diferentes áreas. Hoje, é empreendedor, mentor, investidor, palestrante e autor de três livros: Lições da água, Tchibum! e Atitude de Campeão.
Na última sexta-feira, 24, Gustavo Borges esteve no Tecnopuc, a convite da PSA – Profissionais SA, para o primeiro Tecnopuc Talks deste ano. Em cerca de uma hora de palestra, o nadador apresentou uma visão inspiradora sobre a alta performance, enfatizando a importância da disciplina, do foco e da persistência. A partir exemplos e histórias pessoais, o palestrante compartilhou as atitudes que tornam alguém campeão nos desafios de sua própria carreira. “Disciplina é a forma como você treina a sua mente para fazer o que precisa ser feito”, enfatizou Gustavo Borges ao trazer a disciplina como um dos dois elementos que fazem diferença na vida das pessoas. O outro, segundo ele, é a preparação. O atleta é um dos palestrantes que integra o portfólio da PSA – saiba mais abaixo.
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Antes da palestra, Gustavo Borges concedeu uma breve entrevista à Cristiane Parnaiba, do time de Comunicação do Tecnopuc. Na conversa, os principais tópicos foram as relações entre o esporte de alto rendimento e o empreendedorismo. Confira:
Recentemente, você compartilhou um vídeo em uma de suas redes sociais destacando a importância da força mental para o atleta se tornar inesquecível. Como esse aspecto se aplica ao mundo dos negócios?
O esportista tem uma capacidade de conexão com superação, com resiliência, com a dedicação dentro do esporte e tem uma relação com suportar uma pressão do trabalho que é muito característica do esportista. E eu acho que esses elementos acabam se conectando muito fortemente com o espírito empreendedor e com a construção de negócios, sendo que a força mental é o grande o conector disso. O atleta está acostumado com a bater meta – porque ele faz o índice, é convocado –, está acostumado com grandes objetivos de curto, médio e longo prazo, está acostumado com a pressão de buscar esse resultado e está acostumado a vencer. E, na hora que você conecta essas coisas através da mente, de uma mente bem preparada, você entende esse caminho.
Quando falamos em esporte de alto rendimento, temos a medalha olímpica como o auge da carreira. O que você seria esse ponto alto de um empreendedor?
O ponto alto de um empreendedor sempre é o resultado, assim como a medalha olímpica é para o esporte de alto rendimento. […] Podemos considerar três pontos onde [o empreendedor / a empresa] precisa de uma medalha de ouro para dar certo: o primeiro é o resultado econômico que você tem dentro do seu negócio; o segundo o resultado de mercado – que é o benefício para o cliente e que está relacionado com o que você entrega; e o terceiro é como você cuida da cultura e das pessoas que estão dentro da sua empresa. Se essa tríade está bem conectada, você consegue ter mais lucro, ter mais resultado, ajudar mais pessoas e crescer.
A competitividade é uma característica marcante no esporte de alto rendimento. Como você enxerga ela no mundo dos negócios, em que cada vez mais se fala em colaboração e em relação ganha-ganha?
Competitividade não é um palavrão. E as pessoas precisam estar preparadas para a competitividade porque o mundo é competitivo. A colaboração faz parte da competitividade. Então, quando você fala de um ganha-ganha, todo atleta que venceu, ele estava numa relação ganha-ganha com alguém. Agora quando você compara a jornada competitiva e a jornada do desempenho de uma pessoa, você tem a performance individual que é o crescimento – onde quando você é melhor hoje do que foi ontem, você cresce. Isso é performance. E essa performance é sua. Então você pode ser campeão com 38º[lugar], desde que ontem você foi 39º, pois você teve uma evolução. Por outro lado, o rendimento é quando você coloca essa mesma situação de performance individual de evolução comparado com outra pessoa. Então, quando você coloca isso no rendimento, e a competitividade está dentro disso, você tem o título, a bonificação, a diferenciação do que a sua performance representa. No esporte olímpico, ela vem com medalha olímpica, com índice. E essa relação com treinadores, com seu time, com sua família também é uma relação de ganha-ganha. Então, quando a gente entra no espírito da competitividade, ela está dentro desta jornada do desempenho e ela é algo bom.
Você pode falar um pouco mais sobre gestão do tempo, em especial sobre os blocos de tempo?
O bloco de tempo é uma questão de produtividade que funciona muito bem para as pessoas e o esporte ensina muito isso. Eu gosto de uma frase que é “enquanto você estiver trabalhando, trabalhe”. É só uma frase, mas olha o poder que ela tem. Se você pensar que enquanto você estiver trabalhando você precisa trabalhar, onde é que está a procrastinação, a desatenção, a falta de compromisso com o objetivo que você tem? Na gestão do tempo, essa é uma ótima frase.
Além de atleta e empreendedor, você possui uma formação em economia na Universidade de Michigan. Quais os principais benefícios que você considera que uma formação acadêmica traz para as pessoas?
É um ganho de habilidade técnica, de desenvolvimento – não há o que discutir nesse quesito. Mas também é um grande momento para o amadurecimento do aluno e para a convivência com as pessoas. […] Eu, por exemplo, fiz economia e hoje sou administrador e não economista. Mas se você me perguntar o que aprendi na faculdade, vou dizer que aprendi a conviver com as pessoas, a me organizar, a ter um pensamento mais racional. Tive aulas que me proporcionaram um desafio, uma superação. Se você fala o que você aprendeu lá [em termos de conteúdo], eu vou ter que parar para pensar. Mas a convivência com as pessoas e o meu amadurecimento foram realmente gigantescos. […] Quando eu vejo aqui a PUCRS e o campus de vocês, essa conexão de aprendizado na sala de aula com um ecossistema que tem startups, empresas, onde você vira para o lado e pode falar assim “opa, isso aqui é legal”, isso é o que conta mais. […] Quanto maior o seu repertório, melhor é sua vida e a sua prática. Nesse sentido, fui um grande incentivador dos meus filhos a se formarem.
TECNOPUC TALKS E PSA
O Tecnopuc Talks é uma iniciativa que visa promover a discussão de temas que são cruciais para o desenvolvimento profissional e pessoal dos membros da comunidade Tecnopuc. Na primeira edição de 2025, o evento teve a curadoria da PSA – Profissionais SA, empresa líder no mercado de palestras e que integra a comunidade Tecnopuc.
A Profissionais SA é reconhecida como uma empresa que, há mais de 12 anos, conecta pessoas e marcas aos maiores especialistas do mercado. Seu propósito é acreditar que cada encontro representa uma oportunidade única para inspirar, transformar e abrir novos caminhos. Os eventos realizados pela Profissionais SA vão além de apresentações convencionais. São projetados como momentos de troca, aprendizado e impacto real, onde ideias são transformadas em ações e novas formas de pensar e agir são exploradas. Com foco no futuro, a empresa se dedica a apoiar organizações na ampliação de vendas, no fortalecimento de lideranças e na promoção de inovações conscientes e eficazes. Conheça mais aqui.
