A importância da colaboração para enfrentar desafios sociais complexos

Carla Muller, CEO e fundadora do Instituto Dia do Amor, iniciativa que integra a comunidade Tecnopuc e atua para democratizar o acesso de crianças, jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade à saúde de qualidade, bem como promover o desenvolvimento de mulheres, esteve no Quênia para uma missão voluntária. Lá, conheceu diferentes iniciativas locais e, ao aplicar a metodologia utilizada desenvolvida pelo Instituto, procurou contribuir para o desenvolvimento social da região.
O Quênia, que abriga Kibera, a maior favela da África, com cerca de 2,5 milhões de moradores, enfrenta altos índices de pobreza. Por isso, diversas organizações atuam para garantir um futuro mais digno à população. Carla participou dessa rede de apoio por meio da Exchange do Bem, visitando sete instituições e resgatando dinâmicas do Dia do Amor. No entanto, ao chegar ao local, percebeu que algumas ideias precisavam ser reformuladas para se adaptarem à realidade local. “Fui com um milhão de ideias na cabeça, e mudou tudo. Quando cheguei lá, não foi nada como eu imaginava, foi muito melhor”, destaca.
Ela apresentou sua metodologia para grupos com os quais acreditava que poderia gerar impacto. Uma de suas dinâmicas envolveu um momento de meditação, algo pouco comum no Quênia, trazendo reflexões sobre autoconhecimento e viver no momento presente. Além disso, aplicou a metodologia do Empodera – programa realizado pelo Dia do Amor no Tecnopuc –, voltada para jovens e mulheres acima de 14 anos, que propõe conversas e reflexões. “Foi muito especial, e elas super aderiram àquele momento, conectadas, falando dos sentimentos. Sempre faço um jogo das emoções. Trabalhar os sonhos das meninas foi muito especial também, porque os sonhos delas envolvem mudança e quebrar o ciclo que vivem”, frisa.

Carla também observou aspectos marcantes da cultura local, como o forte senso de comunidade “É normal. Se você não tem, então a gente divide. Eu lembro que eles falavam toda hora: ‘We are together, we are together.’ Esse senso de estar junto, de pertencimento, é muito presente”. Outro ponto que chamou sua atenção foi a relação dos quenianos com a língua. Apesar da colonização britânica e da presença do inglês em programas de TV, mercados e placas, no dia a dia a comunicação entre a população local acontece, majoritariamente, em suaíli.
A experiência reforçou para Carla a importância de transformar desafios em oportunidades, algo que faz parte da essência do Instituto Dia do Amor. “A gente tem aqui muito senso de amor, né? De ressignificar a dor. Eu sempre penso: temos como ressignificar nossa dor, e tentei deixar isso para elas também. A gente pode transformar a nossa dor em combustível para mudança”, afirma.
Como fundadora do Instituto Dia do Amor, Carla acredita que essa vivência no Quênia fortalece a missão do projeto ao unir inovação e impacto social. Mais do que doar tempo e conhecimento, ela retorna ao Brasil com novos olhares e aprendizados que podem ampliar o impacto do instituto. “Acreditamos que a inovação nasce quando diferentes realidades se encontram. Essa jornada no Quênia não é apenas sobre ajudar, mas sobre criar conexões e construir caminhos sustentáveis para mudanças reais. Sigo motivada por essa missão e animada para compartilhar os aprendizados que essa vivência trará para o nosso ecossistema de inovação”, conclui.