O ano de 2021 foi um ano de celebração para nós que, nos últimos dez anos, ousamos sonhar e implementar um programa que, anualmente, forma de 40 a 50 jovens em Porto Alegre, num ambiente de empreendedorismo e inovação como o de um parque científico e tecnológico. A iniciativa batizada de Aceleradoras Ágil e Inclusiva se constitui em programas educacionais que surgiram, respectivamente, em 2011 e 2018, objetivando ampliar a capacitação, a inclusão e a diversidade nos ambientes de tecnologia em contexto de agilidade. Neles, as pessoas participantes aprendem – na prática – como é estar em um projeto ágil e diverso, preparando-se para o mercado de trabalho e sendo respeitadas e valorizadas pelas suas diferenças. Planejadas em percursos únicos, a Aceleradora Ágil é uma formação complementar para estudantes do ensino médio ou superior que, através da imersão em um ambiente controlado, orientado por profissionais experientes e utilizando metodologias ágeis, permite que as pessoas se tornem capazes de entregar um mínimo produto viável (MVP) ao final de quatro meses. A Aceleradora Inclusiva, por sua vez, se propõe a desenvolver habilidades básicas de programação em pessoas socialmente vulneráveis, logo, inclui a abordagem de pautas socialmente relevantes. Ao todo, são duas edições de cada aceleradora por ano, criando oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho e impacto na sociedade.
As Aceleradoras são um exemplo prático de que a transformação de uma região e de um segmento do mercado pode se dar, a partir da colaboração e do relacionamento entre pessoas e organizações. Neste caso: a ThoughtWorks, o Sicredi, a Globo e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Juntas, estamos desenvolvendo e aprendendo com um programa tecido a muitas mãos, que vem crescendo de forma orgânica, interativa, incremental e agregando valor a cada etapa concluída. Nos orgulha celebrar os dez anos dessa experiência que sinaliza indicadores positivos que se expressam no número de pessoas candidatas por edição (cerca de 100), de egressas (cerca de 200), de inúmeras pessoas atuando como mentoras e mais de 15 MVPs desenvolvidos. Algumas delas atuam nas empresas parceiras e até retornaram como mentoras fechando um ciclo positivo e de impacto.
Estamos, igualmente, convencidas do acerto em priorizar a questão da diversidade na composição das turmas, incluindo jovens com deficiência, mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+ no perfil prioritário dos programas. E essa prioridade se justifica por ser o perfil oposto ao que estamos acostumados a ver trilhar os caminhos do ensino superior e do mercado de trabalho no setor de tecnologia que é, majoritariamente, ocupado por homens brancos e heterossexuais. Logo, é um compromisso institucional das organizações envolvidas em contribuir com as pautas coletivas da sociedade, articulando suas expertises para formatar uma iniciativa inovadora e inclusiva que traduz a forma de pensar a tecnologia e a visão de mundo das organizações e pessoas envolvidas.
Atualmente, essas iniciativas estão vinculadas ao Farol Hub Social, liderado pelo Tecnopuc e que nasce com a missão de desenvolver e conectar ações do ecossistema de inovação e empreendedorismo da PUCRS, empresas, organizações da sociedade civil e do poder público para atuarem, de forma colaborativa, no fomento do desenvolvimento humano e social, através de um conjunto de estratégias de formação e capacitação. Nessa direção, os dez anos das Aceleradoras evidenciam a potência de iniciativas dessa natureza, o que nos faz desejar a sua multiplicação no mercado da tecnologia, o que poderá gerar mais oportunidades para acelerar a formação na área, bem como de inclusão social no setor e na sociedade, pautas inadiáveis que o século 21 nos exige e precisa.
