Oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, disciplina reuniu mestrandos e doutorandos de outras três escolas

De que forma as pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação da PUCRS podem gerar mais impacto na sociedade? Essa é a provocação central da disciplina Empreendedorismo Digital: Transformando Conhecimento em Desenvolvimento, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Escola Politécnica e disponibilizada para alunos de todos os programas de pós-graduação da Universidade.
“Acompanhando tendências dos cenários nacional e internacional, os cursos de mestrado e doutorado da PUCRS vêm cada vez mais apresentando aos nossos alunos oportunidades formativas que aproximem a pesquisa acadêmica da inovação e do empreendedorismo. Iniciativas como a disciplina de Empreendedorismo Digital do PPGCC são belas oportunidades de aproximação de diferentes áreas do conhecimento e lançamento de projetos interdisciplinares de empreendedorismo. Juntam-se a esta disciplina outras iniciativas, como o lançamento, em 2023, da possibilidade de os alunos de pós-graduação obterem créditos por atividades de inovação e empreendedorismo durante seus cursos e o Programa Hangar (parceria do TECNOPUC com a PROPESQ) que oferece a oportunidade para estudantes da pós-graduação stricto sensu aprenderem a transformar suas pesquisas em negócios”, explica Luiz Gustavo Leao Fernandes, Diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ) da PUCRS.
Realizada em duas semanas de janeiro, na modalidade intensiva, a edição de 2024 reuniu mestrandos e doutorandos de quatro programas: Ciência da Computação, Direito, Engenharia e Psicologia. Ministrada pelos professores Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, e Rafael Prikladnicki, assessor da superintendência de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, a disciplina contou, ainda, com convidados para abordar tópicos específicos.
“Oferecer oportunidades de formação sobre inovação e empreendedorismo permite tanto estimular a criação de novos negócios quanto fomentar atitudes inovadoras e empreendedoras no dia a dia em geral. Além deste foco, que é o cerne da disciplina, as trocas possibilitadas entre estudantes de diferentes áreas do conhecimento é outro fator fundamental. Cada vez mais temos estudantes de outros Cursos em nossas disciplinas, trazendo suas vivências sobre o assunto, o que tem proporcionado discussões riquíssimas em sala de aula e oportunidades de realização de trabalhos conjuntos incorporando estes diferentes saberes e perspectivas”, declara a Milene Selbach Silveira, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação.
Longe de ser uma proposta isolada, a disciplina é exemplo das oportunidades que os estudantes da PUCRS têm de vivenciar uma trajetória de inovação e empreendedorismo dentro da Universidade, bem como de transformar seu conhecimento em impacto social positivo. Dentro dessa perspectiva, está o Track Startup, que integra as sete Escolas da Universidade, o Idear (Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS) e o Tecnopuc (Parque Científico e Tecnológico da PUCRS) com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação. A iniciativa envolve disciplinas nos diferentes cursos da PUCRS; eventos – como a Maratona de Inovação e o Tecnopuc Experience; programas, como o Startup Garage; e atendimentos individualizados pelas equipes do IDEAR e do Tecnopuc Startups. Na pós-graduação, destaca-se o Programa Hangar – direcionado a apoiar estudantes a transformar seus projetos em negócios.
Sobre as aulas
Organizada em oito encontros e com carga horária total de 30 horas-aula, a disciplina Empreendedorismo Digital oferece uma imersão no ecossistema de inovação da Universidade. Mesclando aulas teóricas e práticas, os alunos aprendem sobre inovação e conhecem recursos para explorarem suas pesquisas sob a ótica do empreendedorismo e do impacto.

Na aula com a equipe do Tecnopuc Startups, por exemplo, o grupo aprendeu a montar um Lean Canvas – ferramenta de gerenciamento estratégico adaptada do Business Model Canvas para a realidade de startups, e a fazer um pitch – modelo objetivo e rápido de apresentação de negócios, projetos e ideias. Além da abordagem desses assuntos realizada por Vinícius Becker e Pedro Lunelli, do Tecnopuc Startups, os alunos tiveram um bate-papo com representantes de duas startups que integram o Tecnopuc: Débora Engelmann, da Whispers, e Julia Couto, da NoHarmAI. Em comum, ambos os negócios foram originados de pesquisas realizadas na Pós-Graduação.
Também houve uma visita pelo Tecnopuc, guiada por Daniel Laguna, líder de prospecção, na qual o grupo pode conhecer mais a estrutura do Parque, bem como os programas nele desenvolvidos e as empresas integrantes do ecossistema – de startups a corporates. Já no último encontro, os alunos apresentaram seus projetos de pesquisa em um pitch de até cinco minutos, preparado a partir do Lean Canvas por eles preenchido. Uma banca composta por Pedro Lunelli, Gabriele Jeffman e Jéssica Rodrigues, do Tecnopuc Startups, avaliou as apresentações e destacou as conexões que os estudantes conseguiram fazer entre suas pesquisas científicas e a adaptação delas como propostas para o mercado.
“Criamos essa disciplina após uma provocação e um convite do então coordenador do PPGCC, Prof. Luiz Gustavo – atual diretor de pós-graduação na PROPESQ. Desde então, sempre nos surpreendemos com a repercussão e o interesse genuíno dos alunos em conectar cada vez mais sua pesquisa com o impacto que ela pode gerar na sociedade. O fato de a cada ano aumentar o número de alunos de diversos programas de pós-graduação da Universidade que se matriculam demonstra o quanto esse tema é importante e necessário. E isso só aumenta a nossa responsabilidade de continuar discutindo inovação, desenvolvimento e impacto na sociedade em todos os níveis de ensino na PUCRS”, avalia Rafael Prikladnicki, assessor da superintendência de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc.
A avaliação feita pelo grupo de estudantes ao final das aulas vai ao encontro da fala do professor Rafael. “Eu entendo que a disciplina foi extremamente importante para mim, principalmente porque eu estou no primeiro semestre, ainda definindo o que eu vou pesquisar. Eu entrei na disciplina com muitas dúvidas e saio dela com muitas outras perguntas, mas são perguntas muito mais assertivas, que vão me direcionar para o lugar que eu quero ir. Então isso já me ajudou muito. Fora a questão de toda essa mentalidade, desse ecossistema de inovação que a gente vivencia ao longo dessas duas semanas. Isso realmente é enriquecedor e motiva muito a gente para criar coisas novas”, avalia Neverson Santos, que está no início do mestrado em Ciência da Computação.
Gabriel Hamester, bacharel e mestre em Direito pela PUCRS e doutorando do segundo ano de Direito, compartilha da opinião do colega e destaca a possibilidade que a disciplina deu para os alunos testarem seus problemas de pesquisa de forma aplicável e de se relacionar com estudantes de outras áreas para criar soluções com base em suas descobertas acadêmicas. “Essa disciplina me trouxe certeza daquilo que eu quero pesquisar e, principalmente aplicar. E o próprio Parque me dá a oportunidades de construir essa trilha e buscar efetivar esse problema. No meu caso, é um problema que envolve a sociedade e eu preciso buscar parceiros em outras áreas que vão contribuir”, enfatiza.
Para além da disciplina
Oferecida desde 2020, a disciplina já teve diferentes formatos: vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação e aberta a todos os pós-graduandos da PUCRS, bem como adaptada para necessidades específicas dos programas das escolas de Negócios, Direito e Medicina. Seus resultados têm sido observados para além dos créditos e desempenhos acadêmicos.
Júnior César Alves, CEO e founder da Aidron, fez a disciplina enquanto estava no Mestrado em Ciência da Computação. Ele conta que já tinha começado a empreender, mas que as aulas abriram uma série de visões sobre como estruturar o modelo de negócios. Hoje, a startup do Júnior é integrante do Tecnopuc e vinculada ao NAVI – Hub de AI e Ciência de Dados liderado pelo Tecnopuc e pela Wisidea Ventures. “O principal diferencial é a network ativa que o Tecnopuc proporciona. São iniciativas de fomento nas startups, transcendendo de apenas um local onde me reúno com outros empreendedores. Fora as seções de mentoria que estão sempre dispostos a fazer”, declara o empreendedor.