
O mês de maio foi marcado pelo lançamento do Brateca, o primeiro banco de dados público que oferece informações clínicas hospitalares do Brasil. O Brateca fornece dados para desenvolvimento de pesquisas, permitindo que variados grupos de estudo, do Brasil e de outros países, possam analisar as informações. O Brateca é a versão brasileira do MIMIC, banco de dados público criado pelo MIT em conjunto com o Centro Médico Beth Israel Deaconess, Hospital da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA. Diferente do MIMIC, o Brateca envolve os dados de 70 mil atendimentos de 10 hospitais de dois estados Brasil, dando mais heterogeneidade nos dados dos pacientes.
O projeto é uma iniciativa do Instituto de Inteligência Artificial na Saúde, empresa responsável pela NoHarm.ai, em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Escola Politécnica da PUCRS e com a Universidade de Évora, em Portugal. Coordenado pela Dra. Ana Helena Ulbrich, o projeto foi aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Para a Dra. Ana Helena, também fundadora do Instituto e co-criadora da NoHarm.ai, o Brateca é uma das fontes para a pesquisa no País. “Para ampliar os estudos focados na segurança dos pacientes, é fundamental que os grupos de pesquisa tenham acesso aos dados e possam gerar novas análises”, ressalta a Dra Ana. Todos os dados foram anonimizados por meio de técnicas validadas internacionalmente.
O banco de dados surgiu a partir da publicação de um artigo científico divulgado na maior conferência de recursos linguísticos do mundo: Language Resources and Evaluation Conference de 2022. O artigo foi desenvolvido pelo doutorando Bernardo Consoli, orientado pelo professor Dr. Rafael Bordini, ambos da PPGCC/PUCRS, e pela professora Dra. Renata Vieira, da Universidade de Évora, e está disponível no site da conferência. Para Bernardo, um dos autores do artigo, o Brateca é um meio que abre caminhos para as pesquisas focadas na realidade clínica brasileira. “O Brateca é extremamente importante para o desenvolvimento da medicina computacional brasileira. Agora que o conjunto de dados foi disponibilizado através da plataforma Physionet, Tenho esperança de que outros grupos de pesquisa brasileiros utilizem os dados para seus próprios projetos e que todos consigamos trabalhar para avançar o estado da arte nacional em tarefas de IA na saúde”, comenta Bernardo.
O banco de dados foi lançado por meio da plataforma de compartilhamento de dados de saúde, a Physionet, administrada pelo Laboratório do MIT para Fisiologia Computacional e pode ser acessado pelo link oficial. Para ter acesso a base de dados é necessário fazer um curso gratuito sobre privacidade de dados em saúde, oferecido pela Iniciativa de Treinamento Institucional Colaborativo (CITI). A NoHarm.ai também compõe a CIARS – Inteligência Artificial aplicada à Saúde, umas das redes de inovação aprovadas no edital RITEs (Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas) da FAPERGS. O Brateca será um dos bancos utilizados pela CIARS para análise e desenvolvimento de soluções para a saúde.