Solução procura revolucionar a agrofloresta no Brasil com tecnologia e impacto social
Um grupo formado por três jovens que concluíram a Apple Developer Academy | PUCRS em 2024 foi o vencedor da categoria Green Tech do Campus Mobile – a competição de ideias e soluções para mobile desenvolvida pela Claro. A proposta de Igor Pereira Dourado (Ciência da Computação/PUCRS), Maiara Silva da Costa (UX/PUCRS) e Raquel da Silva Ramos (Design Visual/UFRGS) se destacou entre mais de 100 soluções, de 24 estados do Brasil.
O trio desenvolveu o SAF Herbaria, um aplicativo que une tecnologia, sustentabilidade e gestão de agroflorestas. A ideia surgiu durante o Apple Developer Academy | PUCRS em meio ao caos climático das enchentes que devastaram o setor agropecuário no Rio Grande do Sul, ganhou forma como uma solução real para pequenos e médios produtores. “O desastre causou um grande prejuízo e decidimos olhar para o problema da desertificação e do mau uso do solo. Foi aí que nasceu nossa solução”, explica Igor.
As premiações do Campus Mobile, incluíram R$ 12.700 em dinheiro para o desenvolvimento do aplicativo, uma semana de imersão na sede da Claro, em São Paulo para apresentação da solução, e uma viajem ao Rio de Janeiro para participar do Web Summit, onde ficaram sabendo que eram os vencedores da 13° edição em sua categoria. O prêmio final é uma viagem para o Vale do Silício.
A Apple Developer Academy | PUCRS é um programa onde estudantes de graduação, mestrado ou doutorado tem a possibilidade de desenvolver soluções para iOS. Igor Dourado, formado pela PUCRS em 2024, ressalta que a participação no programa foi significativa na realização do projeto vencedor: “A gente se sentia muito capacitado para participar, conseguia ter a visão de uma solução completa. Então [o Academy] contribuiu muito para fazer todo o escopo do aplicativo. A gente conseguiu avançar muito rápido, justamente porque já tinha todos esses fundamentos”, destaca.
Rafael Chanin, instrutor de Empreendedorismo do programa Apple Developer Academy | PUCRS e professor da Escola Politécnica da PUCRS, reforça que o programa é extremamente aprofundado e robusto, proporcionando toda a base para que os participantes consigam construir virtualmente qualquer solução. “Os alunos, aproveitaram essa base, somados a identificar um problema real, para conseguir aplicar de forma efetiva, materializando soluções para o mercado”, aponta.
O app desenvolvido pelo trio oferece uma série de funcionalidades que auxiliam na gestão de agroflorestas e lavouras tradicionais. Voltado principalmente para pequenos produtores, agricultores familiares e orgânicos, a solução está disponível para o uso em todo o Brasil. No momento, as recomendações de plantas são baseadas na flora nativa do Rio Grande do Sul, mas o grupo procura expandir essa base para todo o país.
A ferramenta combina machine learning, mapeamento e dados climáticos para recomendar as plantas ideais para tipo de solo e região. Também é possível prever o faturamento, organizar consórcios agrícolas, acessar um calendário de cultivo e interagir com um chatbot especializado, tudo isso com mais de 80% das funcionalidades disponíveis gratuitamente. “Nosso objetivo foi reunir, em uma única plataforma, tudo o que o produtor precisa para gerenciar sua produção — seja agroflorestal ou tradicional”, explica Raquel. Além da parte técnica, a plataforma oferece aulas em parceria com o canal “O Agricultor”, o segundo maior canal de agrofloresta do Brasil.
O trio, que agora faz parte da BayBridge, iniciativa da Apple Developer Academy | PUCRS onde tem a oportunidade de transformar os produtos desenvolvidos na primeira fase do programa em negócios, destaca como o ambiente do Parque foi essencial na jornada da equipe. “A gente teve acesso a pessoas incríveis, conversou com o pessoal do Celeiro AgFood Hub, foi ao South Summit Brazil, e isso gerou diversas conexões”, conta Maiara.
Na participação no Campus Mobile, o grupo destaca o papel do treinamento em pitches – apresentações rápidas e impactantes – como um diferencial da formação na Academy. Para além do prêmio, a experiência deixou conexões e aprendizados importantes: “A gente conheceu pessoas do Brasil inteiro, de 24 estados. Gente de tech, de agro, de negócios. Aprendemos a conversar com diferentes perfis, a contar nossa história e mostrar o valor da nossa solução”, completa Igor.
Como prêmio final da competição, os três embarcam em setembro para uma imersão no Vale do Silício, com visitas a empresas como Amazon, Apple e Linkedin. Lá, também apresentarão a solução em inglês. “O planejamento é a gente apresentar em uma incubadora no Vale do Silício, a Plug & Play, que tem parceria com PayPal e com várias empresas grandes, para receber feedback e criar essa conexão”, destaca Raquel.
Olhando para o futuro, o grupo compartilha os próximos passos: “Usar a premiação que a gente ganhou do projeto para aplicar na nossa ideia, continuar como startup, para conseguir desenvolver”, aponta Maiara. A equipe também está em contato com universidades para testar o app em plantações reais e já conversa com a Embrapa para futuras parcerias.
Esta não é a primeira vez que um time do Academy vence a competição. Em 2018, a equipe formada por Matheus Mello Vaccaro, Rafael Grohmann Cadaval, Matheus Fetzner Viana e Maximilian Zorzetti, conquistou o prêmio final do Campus Mobile com o projeto Juke Fiesta, um jogo 2D com a temática de submundo.
