Startup de educação para desastres atua no Rio Grande do Sul desde 2017
No Rio Grande do Sul, as consequências dos desastres naturais têm sido sentidas desde junho do ano passado. O mais recente episódio teve início no dia 29 de abril, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu o primeiro alerta de volume elevado de chuva no Estado. De lá para cá, de acordo com dados da Defesa Civil estadual, até 20 de maio, 464 das 497 cidades gaúchas já sofreram os impactos das chuvas, que afetaram 2,1 milhões de pessoas, tirando mais de 615 mil de suas casas e causando 157 mortes, além de pessoas desaparecidas (85) e feridas (806).

Para além das ações de resposta e de recuperação, diferentes atores do ecossistema de inovação do Tecnopuc têm atuado para reduzir ou evitar os danos de futuros desastres. Um dos caminhos é educar a população para saber o que fazer nos desastres. A Hopeful é uma startup membro do Tecnopuc que, desde 2017, trabalha para que indivíduos e instituições saibam o que fazer antes, durante e depois de desastres.
Entre as atividades da Hopeful, estão planos de contingência para governos, entre os quais está o de Santa Maria – cidade que registrou o maior volume de chuva do mundo em 1º de maio e hoje já está em fase de recuperação, planos de continuidade de negócios para empresas e uma plataforma online de educação em desastres para a população em geral.
Abner de Freitas, CEO da startup, explica que são três as variáveis fundamentais para o desfecho de um desastre: exposição, vulnerabilidade e capacidade. “Se não podemos evitar a exposição aos desastres, podemos reduzir a vulnerabilidade e aumentar a capacidade. Um exemplo de ação para reduzir a vulnerabilidade é a remoção de pessoas de suas residências em áreas de risco; já para aumentar a capacidade de lidar com desastres, é possível e necessário a realização de oficinas, treinamentos e simulações com técnicos e comunidades”, destaca o empreendedor, que também é mestrando em Administração na PUCRS, mestre em Tecnologias da Informação e Gestão em Saúde e graduado em Gestão em Saúde pela UFCSPA.
O especialista ressalta a importância de toda a sociedade saber o que fazer em casos de desastres para reduzir drasticamente os danos. “O governo deve ter um plano de contingência, as empresas, um plano de apoio mútuo e as famílias seus kits de emergência”.
De acordo com Abner, alguns dos itens essenciais para esse kit, baseado no protocolo do governo americano Ready.com, são: água (um galão por pessoa, por dia, durante vários dias, para beber e para saneamento); alimentos (pelo menos um suprimento de alimentos não perecíveis para vários dias); lanterna; kit de primeiros socorros; apito (para sinalizar por ajuda); máscara contra poeira (para ajudar a filtrar o ar contaminado); lenços umedecidos e sacos de lixo (para higienização pessoal); chave inglesa ou alicate (para desligar utilitários); abridor de latas manual (para alimentos); mapas locais; e celular com carregadores e bateria reserva. Outras orientações sobre o kit podem ser obtidas neste link.
Hopeful em ação
Desde o início das enchentes no Rio Grande do Sul, a startup tem atuado na linha de frente para reduzir os danos humanos e melhorar a gestão do desastre, na capital e no interior. Entre as ações, estão: ajuda no resgate de vítimas nos bairros Humaitá, Menino Deus e Sarandi; criação e coordenação dos serviços de saúde da UFCSPA na SOGIPA; mentoria no desenvolvimento de software em gestão de abrigos, voluntários e doações; disponibilização da plataforma de educação em desastres para os voluntários e interessados aprenderem mais e melhorarem seus atendimentos; atuação junto às prefeituras municipais para auxiliar na melhoria da gestão; e parceria com a Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS (Famecos), para compartilhar, pelo Instagram, orientações para a população sobre como agir nesse momento.