Desde 2011, Inclusiva forma talentos para promover a inclusão na área de TI

Em 2023, um estudo realizado pelo Google for Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (ABS), indicou que, em uma escala de 1 a 5, o setor de Tecnologia da Informação (TI) registra uma média de 2.6 em relação à diversidade. A média foi obtida a partir de entrevistas realizadas com startups da área. Para 50% dos negócios entrevistados, o mercado da tecnologia é totalmente ou muito homogêneo considerando a raça, classe, religião e gênero, enquanto 15% das entrevistas consideram o mercado de TI diverso. Foi com o objetivo de formar profissionais qualificados para a área e contribuir para um mercado da tecnologia mais diverso que a Aceleradora Inclusiva nasceu há 13 anos, fruto da parceria entre Thoughtworks, Globo, PUCRS e Tecnopuc, por meio do Farol Social Hub, o hub de impacto social do Parque. O projeto oferece formação de programação e metodologias ágeis aos jovens e busca inserir as pessoas na área da tecnologia. Isso ocorre por meio de formação sobre os fundamentos de lógica de programação web. Além da formação técnica, também trata sobre conceitos e temáticas sociais.
Neste ano, a Aceleradora abriu uma turma destinada exclusivamente a pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida. O grupo conta com 21 participantes de diferentes estados do Brasil, com integrantes de 18 a 54 anos. Entre as participantes está Yoko Farias Sugimoto, 40, que além de receber a formação pela Inclusiva também é graduanda em análise e desenvolvimento de sistemas. Yoko é pernambucana e iniciou na área de TI há pouco tempo. “Eu ingressei na faculdade no ano passado, é tudo muito recente. Quero entrar no mercado, para isso preciso me dedicar e me capacitar na área. Fico muito feliz de estar na primeira turma da Inclusiva dedicada às pessoas com deficiência. É muito bom ter um projeto dedicado para nós”, comenta Yoko.
Há 20 anos Yoko é tetraplégica e, antes de iniciar na área da TI, dava palestras sobre programas e iniciativas de Recife dedicados às pessoas com deficiência. “Nunca tinha me atentado a trabalhar na área. Ao longo do tempo, fui percebendo o quanto a tecnologia está ao meu favor. Muitas vezes, quando estou nos lugares onde não oferecem acessibilidade, eu me sinto limitada pelas barreiras físicas. Acredito que a tecnologia está aliada a ser algo libertador porque eu consigo me comunicar, me desenvolver e posso estar conectada com pessoas de qualquer lugar. Acho que isso facilitou para eu entrar nesse caminho da tecnologia”, conta Yoko.
Kauany Lima Vieira, de 18 anos, participa da turma diretamente de Valente, interior da Bahia. Recém-formada no ensino médio, a jovem, que tem o diagnóstico de ossos de vidro, está realizando seu primeiro curso de capacitação . Para ela, a Inclusiva está sendo um local de descobertas e possibilidades. “Dá para ver que existem oportunidades e que tem quem se importe com essas pessoas que, infelizmente, não são tão inclusas na sociedade. A Aceleradora vem sendo um projeto muito bom e que realmente está mostrando que é possível fazermos parte de todos os meios e que não é a nossa deficiência que vai limitar isso”, afirma Kauany.
A primeira turma destinada a esse público está animando os alunos participantes e, também, a equipe organizadora do programa. É o que comenta Fernando Fernandes, líder tático e operacional da Aceleradora Inclusiva pela Thoughtworks. “Há muito trabalho e esforço para oferecer uma experiência rica e bastante satisfatória para as alunas. Acredito que a intensa preparação que o time da Inclusiva teve está sendo fundamental para guiar essa formação da melhor forma possível. A turma está bastante empolgada e dedicada. Quando começamos, eles se sentiram felizes e desafiados com os novos aprendizados”, comenta Fernando.
Desde 2011, muitas pessoas já passaram pelo projeto e para formar os participantes, a iniciativa conta com um grupo de mentores, entre os quais está Danielle Madrid. Ela atua na Inclusiva desde 2023, mas a sua história com a iniciativa começou em 2019, quando Danielle estava no ensino médio e era uma das alunas da Aceleradora. “Foi o meu primeiro contato com a tecnologia, com Tecnopuc e com a PUCRS. Eu não tinha noção de como seria e foi bem legal. Conheci pessoas das empresas, conheci um pouco mais sobre como funcionava o projeto. A Aceleradora Inclusiva me abriu muitas portas dentro do mercado por saber mais sobre programação e trabalho em grupo. Eu segui na Aceleradora até 2020 e aprendi bastante, fiz amizades que eu levo até hoje. Atualmente, eu trabalho na Inclusiva como mentora e é bem legal porque agora eu consigo ver de outra forma”, conta Danielle que também é estudante do 4º semestre de engenharia de software da Escola Politécnica da PUCRS.
A Aceleradora Inclusiva é um dos programas apoiados pelo Farol Social Hub. O hub se destaca pelos seus três eixos de atuação principais, sendo eles negócios de impacto social e ambiental, liderança, empreendedorismo social/periférico e inovação social e a formação e capacitação de talentos. “Nesse contexto, o apoio a programas como a Aceleradora Inclusiva se revela uma estratégia essencial para a construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e inovadora. A Aceleradora não apenas capacita indivíduos, proporcionando-lhes novas habilidades e oportunidades, mas também contribui significativamente para o enriquecimento do mercado de trabalho e da economia como um todo. Este é um investimento no futuro, onde cada pessoa tem a chance de contribuir e prosperar, reforçando a importância de iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades e a diversidade”, destaca Maira Petrini, coordenadora do Farol Social Hub
Sobre o Farol Social Hub
O Farol Social Hub atua de forma colaborativa para o fomento do desenvolvimento social conectando o ecossistema de inovação e empreendedorismo da Universidade e empresas, organizações da sociedade civil e do poder público A atuação desse Hub é focada em programas de formação e apoio ao desenvolvimento de jovens em vulnerabilidade social, com apoio de empresas do Tecnopuc e, também, de parceiras do mercado. O impacto desses programas é referenciado na conversão de novos talentos para as empresas que oportunizam o primeiro emprego.