Dois alunos receberam a tecnologia gratuitamente
Foi com o objetivo de promover a inclusão de pessoas com deficiência na área da tecnologia que a Aceleradora Inclusiva, pela primeira vez, iniciou uma turma exclusiva para esse público. Os participantes começaram a formação em julho e, desde então, se encontram semanalmente de forma online. Maira Petrini, coordenadora do Farol Social Hub, conta que além de proporcionar conteúdo para a formação dessas pessoas, foi visto a necessidade de fornecer alguma tecnologia assistiva para promover melhor inclusão. “Após escutas com a turma, ficou claro que a ferramenta Colibri seria ideal para proporcionar igualdade de oportunidades de aprendizado no programa. Alguns já estavam familiarizados com a ferramenta reforçando essa conclusão. Com isso, foi realizado contato com a Colibri e, após uma apresentação inicial, fizemos a parceria”, comenta.
Em 2016, o termo Tecnologias Assistivas passou a ser usado e reconhecido legalmente no Brasil. A expressão se refere a um conjunto de recursos, equipamentos ou dispositivos que auxiliam e promovem a inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida. A Colibri desenvolveu um mouse de cabeça sem fios que possibilita as pessoas controlarem celular, tablet e computador apenas com movimentos da cabeça e piscar dos olhos. Com a parceria, duas pessoas da turma receberam a tecnologia, Cleyton Cipriano, 44, e Yoko Farias Sugimoto, 40.

Cleyton é pessoa com deficiência em tetraplegia e morador do Hospital Geriátrico de Convalescentes Dom Pedro II há 24 anos, desde quando sofreu o acidente que o deixou tetraplégico. Ele utilizava o Colibri, mas deixou de usar por questões financeiras. Com a parceria, ele pode retomar o uso. “A necessidade desse Colibri era muito grande. Sem ele, eu não ia conseguir mexer no computador. No celular eu me viro muito bem. Eu tenho uma madeirinha adaptada, então mexo no celular com a boca, mas no computador, como fazia muito tempo que eu não mexia, estava com muita dificuldade”, conta Cleyton.
Ex-aluno de direito, a formação da Aceleradora Inclusiva é o primeiro contato de Cleyton com a área da tecnologia. “A área de TI é nova para mim. Eu tenho visto um outro mundo, contrário do simples fato do computador. Tem sido muito rico para mim. Hoje estou mais aberto a pesquisas e as questões de inclusão, talvez mesmo por conta dessas aplicações como a Aceleradora e ao grupo de tetraplégicos que participo”, comenta.
Yoko também destaca sua experiência como a mais nova usuária da tecnologia. Pernambucana e estudante de análise e desenvolvimento de sistemas, ela conta que já conhecia o Colibri pelas redes sociais, mas que não havia experimentado ainda. “Minha experiência está sendo incrível, o Colibri é como mouse de cabeça. Por eu não ter movimentos das mãos, hoje posso mexer o word e outros programas com autonomia que liberdade”, comenta Yoko.

Desde a chegada do Colibri, no início de setembro, Yoko conta que passou a programar com autonomia. “Mudou muita coisa e para melhor. Consigo codar sem ajuda de terceiros. Com um simples movimento de cabeça e piscada de olhos posso clicar onde eu quiser. Ou seja, agora posso decolar igual um foguete”, conta. Com mais de 3mil seguidores nas redes sociais, ela também compartilha como está sendo a sua experiência com a tecnologia no dia a dia.
Nathalia Petenussi, diretora de marketing e parcerias, também comenta da parceria com a Aceleradora. “Na Colibri, acreditamos que a tecnologia deve ser acessível a todos, independentemente das limitações que possam enfrentar. Nossa parceria com a Aceleradora Inclusiva representa um passo significativo nessa direção. Ao disponibilizar o Colibri, um mouse de cabeça projetado para pessoas com deficiência motora, temos o privilégio de contribuir para o desenvolvimento e aprendizado de alunos que, de outra forma, poderiam encontrar barreiras intransponíveis. Estamos comprometidos em promover a inclusão e a diversidade, e essa colaboração reforça nossa missão de transformar vidas por meio da tecnologia. Acreditamos que, juntos, estamos construindo um futuro mais inclusivo, onde todos têm a oportunidade de brilhar e alcançar seu potencial máximo”, reforça Nathalia.
Sobre a Aceleradora Inclusiva
A Aceleradora Inclusiva é fruto da parceria entre Thoughtworks, Globo, PUCRS e Tecnopuc, por meio do Farol Social Hub. A iniciativa nasceu como uma spin-off da Aceleradora Ágil, com o objetivo de ensinar os primeiros passos na programação e metodologias ágeis a pessoas vulneráveis socialmente, contribuindo para sua inserção no mercado de trabalho. Neste ano, pela primeira vez, a Aceleradora abriu uma turma destinada exclusivamente a pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida. O grupo conta com 21 participantes, com idade entre 18 e 54 anos, de diferentes estados do Brasil
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