Evento reuniu pesquisadores da UFMG e da PUCRS e marcou o início da colaboração entre as duas instituições

Na tarde de segunda-feira, 24, pesquisadores, empreendedores e professores, além de representantes do ecossistema de inovação gaúcho participaram do workshop “Transformando Ciência em Soluções de Mercado: Case UFMG e Spin-offs acadêmicas”. O evento, realizado na Arena CMPC, teve como foco apresentar a cultura empreendedora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e seu Centro de Escalonamento de Tecnologias (Escalab), além de cases de spin-offs acadêmicas que integram o ecossistema Tecnopuc.
Conduzido por Eduarda Sawaya e Flavia Fiorin, especialista em inovação corporativa e gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc, o momento também marcou o início da colaboração entre a UFMG, por meio do Escalab, e a PUCRS, via Tecnopuc, para promover a criação de spin-offs – negócios que surgem da pesquisa. “A PUCRS acredita muito na transferência de conhecimento gerado aqui na universidade para o mercado. E parcerias como essa que o Tecnopuc está firmando são muito importantes para que isso aconteça”, destacou Luiz Gustavo Fernandes, diretor de pós-graduação da Propesq/PUCRS.
Ao falar sobre inovação, Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, ressaltou a necessidade de que esta produza impacto real na vida das pessoas. “Nosso desafio é pegar a capacidade que temos de produzir ciência e transformar esse conhecimento em valor para a sociedade”, enfatizou. Dando sequência à fala de Audy, Rafael Roesler, diretor técnico científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) abordou a criação de startups como uma alternativa ao pesquisador que está na academia, mas busca caminhos para fazer sua pesquisa alcançar a sociedade. “A startup é o veículo para que a ciência que vocês fazem na universidade possa melhorar a vida das pessoas. A universidade, as empresas ou o governo não podem fazer isso sozinhos, é preciso ter esse mecanismo ágil, dinâmico, que é essa estrutura que nasce da pesquisa e rapidamente possa levar esse conhecimento para a vida das pessoas. As startups são a esperança de que o nosso país tenha uma economia baseada em tecnologia nacional”, afirmou.


Inovação Tecnológica na UFMG

Ana Paula de Carvalho Teixeira, professora do departamento de Química da UFMG e coordenadora do Escalab, apresentou as estratégias da universidade mineira para se destacar em inovação. Entre elas, estão: a criação, em 2019, de um programa de pós-graduação em Inovação Tecnológica que contempla mestrado profissional, acadêmico e doutorado nessa área, oferecendo uma formação interdisciplinar em pesquisa tecnológica e de gestão da inovação, bem como visão e entendimento integrados sobre o processo de inovação tecnológica, da descoberta até a comercialização; um olhar atento à sustentabilidade, nos âmbitos social e econômico, além do ambiental; e o desenvolvimento de projetos de P&D e Inovação com financiamento público e privado.
Ana Paula apresentou cases da UFMG que materializam as estratégias mencionadas ao conectar pesquisa acadêmica com as necessidades da região, entre os quais o Escalab (melhor detalhado abaixo); a startup Iara que, a partir do rompimento da barragem da Samarco ocorrido em 2015, desenvolveu uma solução para o tratamento da água em situações críticas; e o Programa Acelera Rio Doce, que capacita artesãos locais para utilizar a tecnologia de geopolímero para transformar rejeito do rompimento da barragem de Fundão em peças de artesanato.
Ao final de sua fala, a professora destacou alguns pontos importantes para impulsionar o desenvolvimento de spin-offs: valorizar a pesquisa em diferentes graus de maturidade; investir em estudos de viabilidade técnica para entender os gargalos e como sair deles; incentivar os estudantes a participar de movimentos de inovação, como palestras da área, se envolver na criação de startups e em programas de inovação aberta; buscar respostas rápidas para as demandas do mercado e da sociedade; e contar com equipes interdisciplinares para oferecer soluções mais completas.
O Centro de Escalonamento de Tecnologias da UFMG

Maria Duarte, diretora executiva geral do Escalab, apresentou o Centro de Escalonamento de Tecnologias como um espaço focado em escalar negócios através da inovação, com foco em viabilidade econômica. Ela compartilhou sua trajetória desde a graduação, onde percebeu que boas ideias de laboratório precisavam de mais para alcançar escala, e a importância de ir além da P&D, desenvolvendo competências de mercado.
Maria contou que Escalab surgiu para acelerar deeptechs, oferecendo metodologia técnica e de escalonamento, arranjos jurídicos diferenciados e conexão com empresas e investidores, com o objetivo de levar tecnologias do laboratório para o mercado. A equipe de 40 pessoas trabalha ativamente para identificar problemas do mercado e estruturar projetos para resolvê-los.
Segundo a pesquisadora, o Escalab se destaca pela gestão ágil, equipe híbrida e tomada de decisão rápida, apresentando resultados como mais de R$ 12 milhões em negócios gerados e 28 milhões captados em editais. Para atrair grandes empresas, o Escalab utiliza uma abordagem proativa de busca e contato com profissionais de P&D e inovação em setores como mineração, química e indústria de alimentos.
As formas de interação com essas empresas incluem projetos de P&D e escalonamento com equipe especialista e infraestrutura laboratorial, análise de viabilidade tecnológica e acompanhamento de provas de conceito através de programas de inovação aberta. O Escalab também atua como Venture Builder, tomando decisões estratégicas junto com empreendedores para impulsionar startups e desenvolve negócios de impacto social.
Cases do Tecnopuc
Ao final das apresentações da UFMG, Flavia Fiorin mediou uma roda de conversa que contou com, além de Maria Duarte, André Arigony Souto, empreendedor e professor do programa de pós-graduação em Biologia Celular e Molecular da PUCRS; e Mário Frota Júnior, diretor-presidente da Regenera Moléculas do Mar. Nesse momento, foram apresentadas duas soluções que integram o ecossistema de inovação da PUCRS:
BioResverol
Com 26 anos de PUCRS, o professor André falou sobre sua experiência na criação de um produto que saiu do grupo de pesquisa multidisciplinar da Escola Politécnica e da Escola de Ciências da Vida e da Saúde e ganhou o mercado. O BioResverol é um fármaco a base de trans-resveratrol – um composto natural encontrado em algumas plantas e conhecido por suas capacidades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras – que potencializa em 13,3 vezes os efeitos do trans-resveratrol. Saiba mais aqui.
Regenera Moléculas do Mar
Ao compartilhar a história de criação da Regenera Moléculas do Mar, Mário falou sobre sua busca, na Amazônia Azul, pela cura do câncer. Hoje, a startup tem como missão disponibilizar a biodiversidade química brasileira de origem marinha para as necessidades de inovação da indústria e conta com o primeiro e único banco de micro-organismos de origem marinha do país disponível para bioprospecção. O empreendedor explica que, na prática, a startup composta por pesquisadores desenvolve pesquisas com moléculas e micro-organismos para resolver problemas de empresas.





